Bernardo Guerra

O caso é mais sério do que eu imaginava. Relutei em escrever este texto...achava que era implicância minha, sei lá, vai ver que eu estava ficando paranóico, mas a verdade apareceu na minha frente, e não dá mais pra segurar. Estou falando do preconceito capilar.

Ha quase um ano decidi não mais cortar o meu cabelo, o problema é que ele é um pouco revolto (é ruim mesmo) assim como eu. No começo as pessoas riam, me zoavam, do meu vizinho de 6 anos até a minha mãe. Até aí tudo bem, mas o pior viria quando eu senti o preconceito.

Andando na rua as mulheres esconde a bolsa, isso já era normal. Além do cabelo eu gosto de me vestir informal. Nada de "revoltado de butique". Uso bermuda comprada na lojinha da esquina, e camisa (de campanha política, de viajem, ou da Banda Santa), alem da minha barbicha rala. E isso só piora a reação das pessoas.

Mas a gota d`agua veio ontem, no supermercado aqui em Belo Horizonte. Durante todo o tempo que estava lá com minha mãe, notei que TODOS os seguranças olhavam para mim TODA vez que eu passava. Eu já estou acostumado, e nem importei. No caixa notou aquele que parecia o gerente me olhando de rabo de olho, comentei o caso com minha mãe e ela na hora me revelou que também notara isso, mas que não falou comigo para não baixar minha auto-estima. Pensei "pô, eu não tô maluco!".

O preconceito seja qual ele for, esta muito perto de nós.

Os preconceituosos se esquecem que as aparências enganam, o ladrão pode estar muito bem todo mauricinho, bem vestido. Não é porque eu tenho um cabelo black power que eu sou um assaltante em potencial. Nossa sociedade é muito hipócrita, temos que seguir o modelo por ela imposto ou então somos considerado ET's. Este modelo elitista e consumista nos levará à destruição.

Seja livre, não siga o estereótipo imposto a você. Se você quiser seguir o que eles impõe, seja feliz assim, mas não descrimine o outro só porque é diferente!